sábado, 11 de março de 2017

Chá de bebê nº 3!

E o último chá de bebê do Arthur foi uma festa dupla! 

Eu e uma amiga estávamos grávidas! Ela esperava a Laura e estava com quase 2 semanas a menos que eu. Como a maioria dos nossos convidados seriam os mesmos, resolvemos fazer uma festa só! 

Queríamos escolher um tema que não fosse tão óbvio para um casal, nem que usasse cores óbvias, como azul e rosa... Depois que algumas pesquisas escolhemos o tema corujinhas e as cores seriam, branco, laranja, verde e marrom! 




terça-feira, 7 de março de 2017

Relato de parto do Arthur

Eu não poderia falar sobre o nascimento do Arthur, sem antes contar como fomos abençoados com essa gravidez.

Em 2014 decidimos que era a hora de deixar de sermos um casal para sermos uma família. Procurei um ginecologista, fiz exames e comecei a tomar ácido fólico. Até que no primeiro mês de tentativas,  meu marido foi diagnosticado com um Linfoma não-Hodgkins, um câncer no sistema linfático... Nosso mundo virou de cabeça pra baixo e nossa vida parou!

Foi um ano de tratamento... Após as sessões de quimioterapia e a liberação do médico para que voltássemos a vida normal, resolvemos fazer um espermograma.

O resultado não foi dos mais animadores... Ele tinha apenas 3,2 milhões de espermatozóides, e 60% deles estavam imóveis. Mesmo com chances de que uma gravidez acontecesse, ficamos sem muitas esperanças... Entregamos nas mãos de Deus e seguimos em frente!

Até que no primeiro mês de tentativas, após a liberação do médico, minha menstruação atrasou, e sem muitas esperanças, resolvi fazer um teste... Era dia 09 de junho de 2015, e não tem como esquecer o quão rápido aquelas duas listras rosas apareceram naquele palito! Eu estava grávida! Nós tínhamos sido abençoados! E Deus nos mostrou que quando um milagre acontece, não há o que se explicar... A gente simplesmente agradece!

E foi assim que tudo começou...

Há alguns anos eu descobri que o sistema obstétrico no Brasil era manipulador, cruel e capitalista, e descobri também que para parir não bastava querer... Seria preciso muita informação, apoio e profissionais que se importassem de verdade comigo e com meu bebê.

Foi assim, que minha primeira atitude foi contratar uma Doula. E então a Aline Amorim entrou em minha vida... Ela não só me auxiliou a fazer as melhores escolhas, como me apresentou a rede de apoio mais sensacional que alguém poderia ter, o #SabemosParir. Conhecer essas mulheres e suas histórias, me fez acreditar que eu era capaz de parir e que meu filho seria capaz de nascer!

Depois de muito apoio e muita informação, decidimos pelo parto domiciliar planejado. E assim, fui acompanhada pela enfermeira obstetra Marcella Pereira. Tudo estava correndo bem até que com 31 semanas, fui diagnosticada com diabetes gestacional e o sonho pelo parto domiciliar se perdeu...

A partir da 32° semana, eu comecei a ser acompanhada pela obstetra Ana Fialho, uma das pessoas mais encantadoras que conheci nessa jornada!

Apesar do Arthur estar ótimo, e da diabetes não estar influenciando em seu tamanho e peso, nós não poderíamos passar das 40 semanas. Então comecei a fazer acupuntura, com a intenção de afinar o colo do útero e aumentar as chances de um trabalho de parto natural. (Acácio, muito obrigada pelas tardes agradáveis e pelos momentos de tranquilidade que você me proporcionou).

Passar por uma possível indução, me deixava bastante apreensiva. Por mais simples que fosse, a indução é uma intervenção. E uma intervenção leva a outra, e com isso, as chances de uma cesárea acontecer seria muito maior.

Na minha última consulta com a Ana, eu estava com 39s4d, e para tentar agilizar o processo, ela fez um descolamento de membranas. Lembro dela falando "Arthur, essa é sua ordem de despejo!". O colo já estava bem fino e eu já tinha 3cm de dilatação! Isso nos deu um pouco mais de esperanças de que talvez não precisássemos induzir! Naquela mesma noite, eu senti muitas cólicas, mas nada engrenou...

No dia seguinte, uma 6f, eu havia marcado um ensaio fotográfico com a fotógrafa Alê Rocha! Foi tudo marcado de última hora... Isso era algo que não estava nos meus planos, mas de repente fiquei com medo de me arrepender em não ter registrado esse momento, e assim, fomos para o Parque Lage fotografar...
Durante o dia, foi tudo bem tranquilo. Mas à noite, as cólicas voltaram.

No sábado, eu acordei bem, mas me sentia muito cansada... Achei que fosse devido a semana corrida que tive, e resolvi que tiraria o dia para descansar.

Por volta de 12h, liguei para a Ana. Falei como havia passado os últimos dois dias e então ela marcou a indução para o domingo, após o almoço.

Pouco tempo depois que nos falamos, a ansiedade chegou, e com ela as dores na coluna... Uma dor diferente! Não havia posição que aliviasse...

Essa dor durou o dia inteiro, junto com uma cólica intensa.
Às 19h eu já tinha tentado ficar na bola de pilates, no chuveiro quente, deitada, mas nada surtia efeito... O tampão já vinha saindo a um tempo, e desde o descolamento de membranas, ele começou a sair com sangue. As contrações, apesar de intensas, estavam bem irregulares.

Eu já estava em contato com a Aline, que sugeriu que eu tentasse me distrair e descansar. Nessa hora, lembro que abri o Facebook, e ele me mostrava uma imagem de carnaval, com a letra de uma marchinha: "ô abre alas, que eu quero passar!" Achei tão sugestivo, rs! Arthur estava mais próximo do que eu imaginava e queria pular o carnaval!

Contei as contrações por uma hora. Por volta das 21h, elas ainda estavam bem irregulares. Voltei para o chuveiro, pois era impossível ficar deitada... As dores na coluna eram muito intensas!

Por volta das 22h, falei com a Aline novamente... Tinha saído sangue, como se estivesse menstruado, já tinha vomitado e também já tinha ido ao banheiro várias vezes... Falei com ela que quando a contração vinha, eu sentia muita pressão. Ela pediu que monitorasse por mais uma hora... Essa foi a última vez que nos falamos...

A partir daí, o Rafa assumiu o telefone e avisou a Aline que as contrações estavam com menos de 3 minutos de intervalo e não eram nem 23h! Tudo evoluiu muito rápido e ficamos com medo de não dar tempo de chegar ao hospital.

Aline resolveu vir me ver, e quando chegou, eu estava no chuveiro. Ela apagou as luzes e ficou comigo! Enquanto isso, Rafa arrumou o carro e chamou minha mãe. Assim, partimos ao encontro mais esperado de nossas vidas!

Ficar sentada era uma tortura. As contrações vinham e eu queria, desesperadamente levantar, andar, rebolar, fazer força... Qualquer coisa, menos ficar parada! A Aline estava ao meu lado, segurando minha mão e eu só conseguia olhar pra ela e perguntar se aquela dor iria piorar!

Chegamos na maternidade Santa Lúcia em 30 minutos, no máximo - Não sei como não fomos multados por excesso de velocidade! - Queriam me avaliar, mas não deixamos, pois a Ana, já estava chegando. Mediram minha pressão e perguntaram algumas coisas... E as contrações cada vez mais fortes!

A Alê e a Ana chegaram em seguida... A Ana ascultou o coração do Arthur e com a minha autorização, ela fez um toque... Nessa hora, ela me olhou e disse que estava perfeito! Estava com dilatação total!!

Fui "forçada" pelo hospital, a subir para a sala de parto sentada em uma cadeira de rodas, o que achei completamente desnecessário e doloroso, por causa das contrações! O único lugar que conseguia ficar sentada, era no vaso sanitário. E foi pra lá que fui assim que entramos no quarto. A Ana pediu uma banqueta, já que no vaso, ela não teria como me avaliar e aparar o Arthur quando nascesse.

Enquanto a banqueta não chegava, eu tentei várias posições... Fiquei agachada, em pé, sentada na escadinha da cama... Mas era difícil demais achar uma posição confortável. As contrações estavam cada vez mais fortes, e eu já fazia força desde quando estava em casa...

Quando a banqueta chegou, foi um alívio! Sentei com o Rafa de frente pra mim, a Alê atrás dele, e a Ana e a Aline sentadas no chão ao meu lado. O quarto estava apenas com uma luz fraca acesa. O ar condicionado estava desligado e o silêncio tomava conta do ambiente. Só se ouvia meus gemidos!

Eu estava segurando as mãos do Rafa, e a cada contração, eu o segurava com mais força, inclinando meu corpo para a frente. Dessa forma, Arthur não estava conseguindo passar. Lembro da Ana pedindo que, quando viessem as contrações, eu puxasse o Rafa. E foi o que fiz!

Durante todo o tempo, eu achava que, mesmo com toda aquela dor, as coisas estavam muito fáceis e que ainda iriam piorar... Eu estava esperando a hora em que eu pediria analgesia, que pediria a cesárea e por fim que eu acharia que morreria de tanta dor! Tanto que diversas vezes, eu achava que a Aline e a Ana estavam mentindo para mim, dizendo que não tinha mais como piorar, e que faltava pouco para ele nascer e tudo acabar! Algumas vezes, quando duvidava da Ana, ela me pedia pra colocar a mão e sentir o quão perto estava. Era uma sensação inexplicável!

Apesar da dor, eu estava serena! Era assim que me sentia... Estava realizada! Tudo o que sempre sonhei estava acontecendo! Estava ansiosa pela chegada do Arthur e impaciente para que tudo acabasse logo... Minhas pernas doíam. Eu queria levantar, mudar de posição, mas temia que isso atrasasse o processo. Acho que na verdade, eu queria que o tempo parasse, só para que eu pudesse descansar um pouco! Dormir umas 8h e voltar! Rs!

Parecia que eu estava ali a horas, mas não tinha passado nem 2h... Comecei a ficar impaciente e a Aline lembrou que eu havia feito uma playlist. O Rafa colocou o celular pra tocar e a Aline sentou em uma bola de pilates atrás de mim. Eu coloquei nessa playlist, todas as músicas que tocaram na nossa cerimônia de casamento. Lembro de algumas músicas tocando e enquanto isso, eu dançava conforme o ritmo, apoiada no colo da Aline...

Até que começou a tocar a música que marcou o início do nosso namoro, que marcou a nossa vida, que foi gravada em nosso convite de casamento. Nossos olhos se encontram, as lágrimas começaram a rolar pelo rosto e juntos começamos a cantar, e enfim, ao som de "Te amarei de janeiro a janeiro até o mundo acabar", Arthur nasceu!

Empelicado! Na hora dele! Do jeito dele! Sem NENHUMA intervenção!

Eu poderia simplesmente parar o mundo naquele exato momento! EU PARI! Foi a coisa mais sensacional, mais extraordinária, mais incrível que eu poderia viver na vida!

A Ana aparou o Arthur, e em seguida ele já estava em meus braços! A bolsa estourou depois que os ombros passaram.

Não sei quanto tempo ficamos ali, se amando, se olhando, se curtindo! Mas lembro da Ana pedindo para que eu deitasse na cama, pois estava perdendo muito sangue.

Deitei com Arthur em meus braços. Ele foi avaliado ali mesmo! Nenhuma intervenção foi feita sem a nossa permissão. Ele não foi aspirado, não foi esfregado, não foi mexido, não tomou banho. Arthur esteve em meus braços durante toda a avaliação do pediatra. Ele mamou em sua primeira hora de vida! E isso foi de extrema importância para que ele não viesse a ter hipoglicemia, já que esse é um dos riscos de bebês que nascem de mãe com diabetes gestacional.

Esperamos a placenta sair naturalmente! O cordão umbilical só foi cortado após a saída da placenta e somente quando parou de pulsar. Todo sangue que continha nele foi transferido para meu filho. Arthur ficou longe de mim, no máximo 30min. Tempo que o pai levou ele ao berçário para  vestir a roupa, ser pesado, medido e para tomar a vitamina K, que foi administrada com ele no colo do Rafa. Em seguida, voltou para o quarto e só saiu do meu lado, no dia seguinte para irmos embora!

Eu fui respeitada do início ao fim... Escolhi a posição que me senti mais confortável. Não tive puxos dirigidos. Não fizeram toques desnecessários. Não fizeram episiotomia. Não aplicaram ocitocina, analgesia, nada! Meu parto foi totalmente natural! Só eu e meu filho, trabalhando juntos! Não encostaram em mim, nenhuma vez se quer sem que eu permitisse!

Eu tive uma equipe espetacular, atualizada, que trabalha baseada em evidências, que se preocupa com seus pacientes, que não acredita que apenas "nascer com saúde" seja suficiente. Uma equipe que luta por nascimentos dignos e respeitosos. Que acredita que para mudar o mundo, é preciso mudar a forma de nascer!

Quanto ao pós parto, eu tive uma laceração minúscula. A Ana preferiu dar 2 pontos, que segundo ela, seria mais por estética do que por necessidade, já que a cicatrização natural, poderia acontecer tranquilamente, porém poderia ficar meio torto, rs!

Recebemos alta na 2f após o almoço. E desde então, nossa casa nunca mais ficou silenciosa, nossos corações nunca mais ficaram tranquilos e nossos rostos nunca mais deixaram de sorrir!

Impossível escrever esse relato, sem agradecer!
Primeiramente a Deus, por ter me dado a dádiva de ser mãe. Em segundo, ao meu marido e amor da minha vida, por ser um homem maravilhoso, amigo, companheiro e pai incrível. Que não ajuda, e sim, divide as funções e participa comigo da criação do nosso filho.
Obrigada à minha Doula Aline, que me fez acreditar que eu seria capaz de parir e por me apresentar a rede de apoio que faz a minha maternagem ser algo muito mais leve!
Obrigada à Marcella e a Ana que me acompanharam, me deram segurança e respeitaram meu corpo e meus desejos. À toda equipe médica que respeitou meu filho.
E à minha mãe, que apesar de todo medo, respeitou minhas vontades, se informou e acreditou que eu seria capaz e que todo esforço foi para o bem do nosso Arthur!

Hoje, após 1 ano, eu ainda sinto aquela energia! Ainda sinto aquela emoção! E só de lembrar, as lágrimas rolam pelo meu rosto! A sensação de trazer um filho ao mundo de forma tão respeitosa e serena é inexplicável! Eu posso fazer vários relatos, contar cada detalhe, mas nunca, ninguém vai entender essa vontade insana que a gente sente de parir de novo. Essa vontade louca de sentir essa DOR DE VIDA!