Desabafo...
Sempre sonhei em ser mãe... Não consigo me imaginar sendo outra coisa se não mãe...
Por muitas vezes me senti frustrada e perdida, por achar que eu era diferente, por não querer as mesmas coisas que todas as minhas amigas queriam. Por não querer fazer mestrado, doutorado, por não querer ser gerente nem presidente de uma multinacional... Até que percebi que meu maior sonho e projeto de vida, era ser mãe!
Sabe aquela pergunta que nos faziam quando éramos pequenos?
- "O que você quer ser quando crescer?"
Sempre sonhei em ser mãe... Não consigo me imaginar sendo outra coisa se não mãe...
Por muitas vezes me senti frustrada e perdida, por achar que eu era diferente, por não querer as mesmas coisas que todas as minhas amigas queriam. Por não querer fazer mestrado, doutorado, por não querer ser gerente nem presidente de uma multinacional... Até que percebi que meu maior sonho e projeto de vida, era ser mãe!
Sabe aquela pergunta que nos faziam quando éramos pequenos?
- "O que você quer ser quando crescer?"
Hoje eu respondo sem pestanejar:
- "Eu quero ser MÃE!"
- "Eu quero ser MÃE!"
E hoje, casada, me vejo cada vez mais próxima de realizar esse grande sonho... E por estar tão próximo, grande parte do meu dia tem sido dedicado a pesquisas sobre parto, hospitais, obstetras, etc. Essa enxurrada de informações, trouxe consigo muito conhecimento e com ele muita frustração e muito medo.
É tão difícil fazer uma pessoa leiga entender tudo que está envolvido nesse assunto... Confesso que fico cansada e mais frustrada, quando tento explicar os meus motivos pra querer um parto natural e o medo que sinto se não encontrar um médico que me apoie.
As pessoas tendem a achar exagero da minha parte... Não as culpo por isso, afinal, a falta de informação é muito grande.
As pessoas acham que amarrar seus pés na cama, mandarem você parar de gritar, cortarem seu períneo, fazer uma lavagem intestinal, não deixarem você beber água, impor uma posição desconfortável, não permitir que seu bebê venha imediatamente para seu colo após o parto, que fórceps, anestesia e ocitocina são obrigatórios, que colocar nitrato de prata nos olhos dos seus filhos, etc, são coisas normais. Afinal, suas mães, suas avós e todas as mulheres que elas conhecem passaram por isso, porque seria diferente com elas, né?!
Que uma cesariana, nos dias de hoje, é algo mais fácil, que a recuperação é ótima, que você pode marcar o dia sem atrapalhar a agenda do seu médico, nem da sua família. Você não sente dor, não transpira, fica linda do início ao fim...
Mas pra mim nada disso é aceitável!
Uma cesariana é uma cirurgia como outra qualquer. E nunca foi uma opção pra mim. Nem mesmo quando não tinha o conhecimento que tenho hoje. A OMS aconselha que somente 15% dos partos sejam cesarianas. Infelizmente, as taxas brasileiras são as maiores do mundo!!!! Será mesmo que todas as cesarianas que ocorrem aqui são extremamente necessárias?! Eu poderia listar mais de 100 falsas indicações para uma cesarianas, mas basta procurar no google que você encontrará.
Hoje em dia para conseguirmos um parto digno é preciso pagar, e pagar caro. Os hospitais públicos, apesar de incentivarem o parto normal, o faz de maneira impositiva e desrespeitosa. Os médicos de plano de saúde, são extremamente mal remunerados por um parto normal, levando-os a bater recordes de cesarianas, afinal, a remuneração é muito maior. Nos sobra os médicos particulares, que chegam a cobrar mais de R$10mil por um parto digno.
Por tudo que sei, que me sinto tão frustrada de não poder controlar o MEU parto. Afinal, não tenho condições de pagar por isso.
E logo em seguida, me vem a revolta, pois deveria ser direito de toda mulher, ter um parto digno, com respeito e com decisões tomadas por nós, e não impostas por médicos.
E depois da frustração e da revolta, me vem o medo... Um medo que me faz chorar. Que dói no fundo da minha alma. De saber que há grandes chances de que eu não consiga dar ao meu filho uma chegada como ele merece. Um medo de ter que conviver eternamente com uma cicatriz imposta, sem necessidade, por uma cultura pobre, interesseira, capitalista e desumana.
E por tudo isso, choro todos os dias, quando penso que em breve posso estar grávida e não serei capaz de mudar nada. Quando estarei mais emotiva do que sou hoje, quando me sentirei de mãos atadas e acabarei aceitando as condições impostas por um médico.
Realmente “para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar a forma de nascer” (Michel Odent). E eu sonho com o dia que meus filhos poderão vivenciar isso! Porque, sinceramente, acho que estou longe de ter essa oportunidade.